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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O Natal … inspira-(me(-)nos),… inspira uns e outros…

O Natal inspira-me!

… Maria, durante muitos anos foi encantada pelo espírito de Natal, vivia-o com a intensidade e a alegria da maioria de tanta gente. Começava a comprar os presentes com antecedência, outras vezes, ela própria os fazia, comprava os materiais e depositava toda a sua dedicação a construir com as suas próprias mãos; escolhia os papéis de embrulho, embrulhava-os com requinte, todos os anos com uma ideia diferente e todos iguais; arranjava a árvore de Natal com prazer; ornamentava a casa e a mesa como se de uma revista se tratasse; juntava a família em redor da mesa grande, uns anos mais abundante que outros; adorava presentear e ser presenteada.

Maria… amou todos os momentos que dedicou, a esta quadra…

O Natal inspira-nos!

…João, António, Vicente, Ana, Eugénia, Fernando, Carlos, Afonso, Alexandra, Cristina, Teresa, Pedro, Paulo, Carla, empurrados pelo calendário, mais que pelo espírito natalício, compram isto, aquilo, numa correria desgovernada …; comprar, comprar, comprar é o que importa; à pressa porque há pouco tempo; seja o que for; mesmo que não seja para dar júbilo a quem vai receber, mas para ter o sentimento do dever cumprido; comprar qualquer objecto; com amor, com prazer, mas também por obrigação, por educação. Nas filas infindáveis, entre safanões e encontrões, lojas pejadas, gente alienada que abre carteiras com parco dinheiro, mas de onde brotam cartões coloridos de tudo quanto é loja e que nos compram por 5 ou 10% de desconto ou por acervo de pontos…como se fosse no passo fabricado pelo homem, entre a troca de moedas (dinheiro) por um qualquer objecto, que nos conseguissem resgatar dos males maiores e dos menores praticados durante ausências de todo o ano ou de anos de ausências, na noite de 24 para 25 de Dezembro de cada ano.

Com o passar dos anos o João apercebeu-se, que para muita gente o Natal era muito Mais que amor e confraternização entre entes queridos. Na verdade a noite de Natal era praticamente uma competição para ver quem “impressionava” mais os presentes.

O Natal inspira uns e outros,

…O desfile começa… e das caixas ou dos sacos cintilantes, dourados e vermelhos saem os presentes: o mais original, o maior, o mais exuberante, o mais caro, mas sempre com a mesma perspectiva presente pelos seus compradores… quem vai causar mais sensação naquela noite…havia de tudo. Em segredo, na cabeça de cada um, ficaria a expectativa de no Natal seguinte ser presenteado de novo por esta ou por aquela pessoa, que tinha tido a melhor ideia e por sua vez tinha impressionado o maior número de pessoas. Aqueles que nunca ultrapassavam os limites da sua imaginação, do empenho, de tempo ou de dinheiro ficavam-se pelo par de meias e pelas cuecas e corriam o risco de não serem desejados por ninguém, para presentear ninguém no Natal seguinte, afinal já se sabia de antemão a surpresa que nos iria calhar. Excepção aberta, caso as cuecas exibissem algum padrão engraçado ou mordaz; as meias contudo, não apresentavam no mercado qualquer variante para provocar sensação, a não ser que fossem de senhora e originassem algum “fetiche” mais recôndito… mas por regra os seus autores optavam por “slipes” e “peúgas”, vamos lá saber porquê.

…Tita, tem a mesa cheia de gente, mas sente-se só. Cumpre, de forma metódica, todo o ritual do início até ao fim, por sua conta ficam todos os pormenores da organização da ceia de Natal da família Bettencourt, que começa a organizar com pelo menos dois meses de antecedência. A matriarca supervisiona apenas, para verificar se Tita assimilou com afincamento todas as regras de etiqueta e todas as tradições da família ancestral. Os presentes são os mais caros de todos, tanto para os pequenos como para os grandes, os embrulhos são os mais perfeitos. Os perfumes, as jóias, as pratas, ou ouros, os diamantes, saltam das caixas de veludo vermelho e preto mas tristes, porque não vão embelezar ninguém a quem falta a mais simples beleza e felicidade interior. Não há jóia que lhes valha. Tudo não passa de uma grande mentira e de uma feira de vaidades. Á meia-noite vão à missa do Galo, fingir que sentem alguma coisa por alguém. Tita ainda tem coração, por isso sente isto tudo. Sente a falta do âmago, sente a falta dos afectos, sente a falta da verdade.

O Natal inspira menos,

…João, já não acreditava em nada. Comprava menos que meia dúzia de presentes para aqueles que lhe diziam mesmo muito e não se sentia de todo tocado por espírito nenhum, a não ser pelo seu. Para além do amor que sentia realmente por quem amava de verdade, sentia pelo “resto” uma imensa desilusão, mágoa, tristeza, raiva, fúria, descrédito por tudo ou por muita coisa, por acreditar em tudo que afinal não existe e pior, não existe para todos. De facto é verdade, se pensarmos exclusivamente, em termos materiais…


Mas, felizmente que um dia descortinou que os Homens são feitos e alimentam-se de outras coisas para além das questões materiais, deixou de ser tão céptico e resolveu dar outras hipóteses aos outros e a si próprio. Tem descoberto aos poucos que tal como ele e por de trás de toda a raiva existe um coração, o dele, que ainda sente… existem outros que têm coração, outros que ainda nem descobriram que o têm, outros que não sabem para que serve, outros que não sabem usa-lo, outros que sabem dar mas não receber, outros que sabem receber mas não sabem dar e outros que sabem dar e receber e sentir o quanto é fantástico o AMOR, a AMIZADE, a SOLIDARIEDADE, a ALEGRIA, a COMPAIXÃO e partilham estas verdades absolutas com quem os rodeia. Esta é a fórmula para dar sentido à VIDA, seja no Natal ou em qualquer dia do ano. Só ensinando aos mais pequenos a importância destas essências é possível fazer perdurar o espírito e dando, acabamos por receber…

… Não nos encontramos todos no mesmo estado de maturidade emocional, talvez por isso, nos seja tão difícil compreender-mo-nos, uns aos outros... apesar de vivermos os mesmos tempos e partilharmos o mesmo código linguístico…

7 comentários:

  1. Sempre achei que o natal é quando um homem quiser!

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  2. O que alguns pensam pouco me interessa…!

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  3. Les autres...!28/12/2009, 15:11:00

    O que os outros pensam é-me completamente indiferente…!

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  4. Moi,les uns et les autres, disseram????!!!!
    ...e o ano novo tb, imagino. Um Fantástico ano 2010.

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  5. Bom Ano e tudo o que isso possa significar de melhor vida, mais saúde e amor. Um beijo

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  6. Disse, está dito…mas acrescento, que desde pequenino comecei a constatar que algo de errado se passava com o pai natal, mas depois de algum exercício de avaliação dos factos, cheguei à conclusão que o problema era da arquitectura da minha casa, é que não tinha chaminé.Daí, na manhã seguinte ao pai natal ter feito a “sua”distribuição das prendas, eu pouco mais ter do que anteriormente, ou seja nada. Mais tarde, já numa casa com chaminé, o homem das barbas continuava, sem atinar com a minha casa. Seria de não ter gps, indagava eu para os meus botões, porque brinquedos só os do meu vizinho Quim, que fazia o favor e repartir comigo…é difícil dar valor, ou valores a muita coisa, quando constatamos ao longo da vida, que vivemos rodeados de hipócritas, cínicos e afins, e que estas quadras “natalícias”mais reforçam as minhas convicções em relação às mesmas, ou seja, tudo não passa de um emboste, que apenas serve “les uns”et “les autres”,nunca,”moi”…de qualquer maneira, boas festas!

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  7. Vitor, o sentido que dou à minha existência, para além de outras coisas é a aprendizagem. Resolvi a partir de determinada altura que deveria retirar até dos momentos menos bons uma lição de vida. Foi a forma que encontrei para me manter permanentemente agarrada a ela e porque percebi que existe tanto para aprender, que uma vida só não será certamente suficiente. Todos os dias procuro tirar uma lição de Vida na nossa passagem por ela, amadurecemos e aprendemos, ficamos por consequência com uma inteligência emocional capaz de compreender a pluralidade e a diversidade da raça humana, sem mágoas, sem preconceitos, sem rancores, sem julgamentos… É um exercício difícil, principalmente no que diz respeito a evitar qualquer julgamento ou juízo de valor, mas a que me obrigo e começo pelos outros acabando em mim, o que é mais difícil ainda. Aceitar, os meus defeitos e virtudes.
    Um excelente ano 2010, para ti e para todos os teus.

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alfa diz: