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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

De olhos bem fechados, os odores quentes e ocres tomavam conta de si na mesma velocidade que as folhas das árvores precediam o Inverno! O Outono da vida fazia-se notar sobretudo no seu rosto! ...e, cada folha que se precipitava  no sentido do chão e se soltava daquela árvore madura, recordava.lhe momentos passados que um dia estiveram presentes no centro da vida de Luna, A humidade atravessava o ar e os corpos que se tornavam pegajosos nas primeiras horas do dia. Acordávamos e adormecíamos quase sem fôlego.

As montanhas, longe do olhar alheio, pareciam adamastores envergonhados, gente invulgar e sem rosto, prontas avançar na nossa direcção!

 De lábios semicerrados, a medo, abria devagar as persianas do rosto banhado em suor, que lhe realçava o tom escuro da pele fustigada pelo sol do verão acabado de se despedir, para aos poucos dar conta de uma Lua gigante no céu que olhava fixamente para si!

Luna, temia o pior! O momento que vivenciava, neste preciso instante, faziam-na lembrar horrores de épocas passadas com as quais não aprendera a conviver, ainda! Tudo lhe parecia ora diferente, ora igual, ora igual, ora diferente! Teorizava para dentro de si - havia anos que a vida se encarregava de nos colocar à frente dos olhos, vezes sem conta (na verdade, todas as que forem necessárias) a mesma coisa!,,, melhor dizendo! o mesmo problema de aritmética para resolver com números diferentes! A intenção era clara e ao que parece, sempre a mesma! Chegar ao resultado x! ...no entanto, enquanto não mostrássemos a nós próprios que éramos dignos de realizar tamanha prova, jamais sairíamos do mesmo lugar, onde um dia, havíamos ficado presos. Luna tinha sido uma excelente aluna a matemática quando estudante, mas incapaz de resolver operações sem números, mas com pessoas!...anos, após anos, sempre a mesma equação por resolver!...

Vencida pelo cansaço, de ombros caídos, corpo arrastado e olhos de interrogação, sem quaisquer certezas do que via à sua frente, a Lua gigante teimava em cegá-la sem querer! Era chegado o último crepúsculo e com ele o tempo compreendido entre o vespertino e o matutino, o momento exacto e único em que Luna se sentia confundida, entre o sonho e a realidade!

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1 comentário:

alfa diz: