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domingo, 6 de novembro de 2011


Gosto deste vento frio que me atravessa a pele e teima em fazer de mim o seu refúgio. Gosto da chuva forte que cai e me convida a dançar nas suas águas. A chuva é doce o vento é destemperado...e, eu...Eu, não passo de água e sal, ...

Envolta em areia molhada onde a vida se aninha e me viola saborosamente por todas as reentrâncias, deixo-me levar ao som da sua música melada. Não há significado nenhum para isto nem sentido, nem agravo, apenas prazer...

As nuvens ficam caladas, a olhar-me... e eu flutuo deixando-me ir ao som do mar que sai do fundo dos búzios e das estrelas magoadas e brilhantes. Ficaram ofendidas comigo quando um dia não as deixei entrar em cena. A cena passava-se de dia, não havia razão para as deixar entrar...Disse-lhes que fossem tomar um café enquanto eu estava a sonhar. Zangadas, saíram batendo com a porta, não vacilei...já as conheço, mais tarde voltam.

Gosto daquele vento frio que vem do Norte que me abraça e me faz voar,  que me empurra para os sonhos acompanhado de uma chuva forte que cai dentro e fora de mim, ao contrário de palavras transparentes que de tão leves não atravessam ninguém.

Ele continua assobiar a levantar no ar folhas de Outono e paixões sem tempo, que deslizam de forma envergonhada por entre os homens até apanhar um coração indefeso. E, há por aí tantos..., todos os dias me cruzo com eles. Consigo distíngui-los no meio dos outros. Têm uma cor e uma forma diferentes, são magenta como as romãs mais maduras e mais arredondadamente cheios também, transbordam no que têm para ofertar sem pedir nada em troca, por isso vivem suspensos e leves... destarte seguem o seu caminho sem garantias de sucesso...

- Não importa, só a viagem... já valeu muito a pena. - Pensam...

Umas vezes, são interceptados pelo vento Norte de que vos falo e aí caem redondos num extase que apenas haviam ouvido contar, nunca tinham experimentado. Os repetentes vacilam, mas as lembranças carregadas de emoção da última vez fazem esquecer as contrariedades que aparecem depois fazem-nos seguir o mesmo caminho. Uns e outros deixam de ter vontade própria para ter vontades próprias de um enlace sem limites. 

O vento Norte é capaz de tudo...
e, a chuva, que de vez em quando o acompanha imprime nos homens os cheiros a terra molhada...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

...the most of everything is a second sense second...

 
... não sei o que as pessoas procuram no mundo se "paz" se "pão"..., não as entendo...Creio que, nem elas sabem..

.Determinadas a não passar "necessidades" versus sofrer, numa luta permanente, dilaceradas, entre não ter nem uma coisa nem outra, travam batalhas consigo até conseguir pelo menos uma delas...Não sabem viver com a ausência das duas, nunca aprenderam...Na verdade,  eu também não, confesso...

Desenfreadamente,  procuram dentro dos outros a resposta para as dúvidas que habitam dentro de si...e transformam-nas nas soluções...  Optando por pão não têm paz! optando por paz não têm pão!...é como se o  Universo e os Deuses tivessem determinado há muitos mil anos atrás, numa orgia de excessos no céu, lugar onde habitam, que essa seria uma das condições humanas...Eles, tinham consciência das nossas inconsciências, eram conhecedores da raça humana,....e,  sabiam que desta forma, encontraríamos justificação para nos levantarmos da cama todos os dias...(não queriam um mundo de dorminhocos) ...Refiro-me a motivação...o motor que nos impele ou empurra todos os dias para a vida...

 Apesar da teoria "duvidosa" que recaiu sobre nós como condição, a prática, não nos deixa qualquer dúvida, mas antes uma sensação estranha de forte insatisfação...daí que, nos dias em que temos muito "pão" queremos "paz" e  nos dias em que estamos em "paz", falta-nos "pão"...

Se tivéssemos assistido à discussão lá em cima, onde os Deuses argumentavam, defendendo teorias e teses sobre o tema ao mesmo tempo que comiam uvas e outras iguarias e bebiam vinho, deitados em leitos limpos, de barrigas fartas, trajados com vestes douradas e prateadas, num local de paisagens esplendorosas com vista cá para baixo, num clima ameno, ......e, de mentes já toldadas pelos excessos avaliar pelos risos descontrolados, ....talvez nos fosse mais fácil de entender a condição determinante,... apesar da complexidade da questão...

Se ao menos, eles entendessem que sem nenhuma das duas não passamos de moribundos, sem uma delas insatisfeitos crónicos e com as duas, torna-se mais fácil a existência humana...
Devo dizer, que esta última opção, que nos parece a solução ideal, apresenta inúmeras contrariedades e me levanta sérias dúvidas, ...imaginem...Precisaremos desta última como solução ideal, na justa medida das necessidades que criámos para nós próprios, ...mas na verdade, não precisamos de tanto para nos tornarmos felizes...

...os deuses, continuam lá em cima sem saber do que falam, inebriados pelos excessos...a decidir a nossa vida...

Eu, obriguei-me a optar, procurei o caminho que mais me aproxima de mim mesma...prefiro paz, o pão acabará por aparecer, nem que seja aos pedaços...

PS: ...do dia, torrado se for do dia anterior, transformado em açorda para aproveitar os restos, com manteiga ou sem ela, a servir de conduto ou a acompanhar a refeição, para empurrar a refeição...