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sábado, 24 de julho de 2010

Lost?!!!!




...um dia tudo acaba, para dar lugar a um novo começo...
...de outra forma, dar lugar a uma esperança renovada...

Alice, logo, logo, está de volta...foi só até à Lua e voltou...

terça-feira, 20 de julho de 2010

Alice, num País sem maravilhas...



...hoje deito-me zangada, pensava para si Alice.

Estou definitivamente, zangada. Zangada com o meu País, Ele não me merece. Não quer saber de ninguém....

Que não queira saber de mim, eu cá me arranjo,... agora, que não queira saber de ninguém!!!! Não O entendo.

Que não queira saber dos antepassados e de todas as gerações presentes que o ajudam a construir todos os dias, mais um bocadinho, não posso admitir...Não gosto de O ver a, abandonar alguns à sua própria sorte, sorte que nunca tiveram e que nunca vão ter, quando era suposto ser a vez dele a dar-lhe a mão. Eu também dou, mas sozinha não consigo.

Há alguns anos atrás, as pessoas tinham esperança, tinham futuro, sentiam-se amparadas  por Ele...agora, cada vez menos, tudo é volátil por aqui. A vida, a       , o           ,  a             , o           , a            e até os sonhos... Tudo se dissipou, tudo mudou...não consigo mais entende-lo.

Juntou-se às "más companhias, rodeou-se de gente sem escrúpulos, de gente mentirosa, de gente oportunista, a carreiristas, a boys, a seguidistas, a gente que vive em pedestais e ignoram tudo a baixo de si próprios, que não encontram nada nas gentes genuínas...o que é que se passa Contigo?

Já não te reconheço...

Vou-me embora, para onde os sonhos não morram, que durem e sejam um dia concretizáveis, para um outro lugar onde o prazer pela vida não desista de o fazer...vou à procura do coelho branco de olhos azuis e relógio no bolso...que me faz sonhar e acreditar no futuro.

Adeus País, quando te encontrares, encontrar-me-ei contigo de novo...

bjssssss
 

domingo, 18 de julho de 2010

Yes, soon...



...é tão bom, 

...quando numa praia envolta pelo nevoeiro que tem como companhia um calor tímido...
.. quando numa praia quente pelo sol e húmida pela maresia,

te ofereces ao céu e ao mar sem medo...

...deitada de costas, à deriva, sem nada onde te possas agarrar ou esconder caso algo inesperado aconteça,
 te entregas em consciência à procura do prazer que é teu, e é merecido... 


...se por um acaso,  a areia desaparecesse debaixo de ti de repente, como que por magia, permanecerias inerte... apenas suspensa pelo sentir dos teus sentidos...e, a espuma abraçar-te-ia para não te deixar cair e cada grão de areia iria aninhar o teu corpo, para que não sentisses dor....

...e, cada onda, procuraria distrair-te com o seu canto, para perderes a noção da matéria.

É TÃO BOM...quando, o Sol te faz festas e o Mar canta para ti.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Vidas suspensas...no mar




No mar em que vivo...vivem, muitas vidas suspensas... Não caem nem se levantam, tropeçam a toda a hora em peixes e pedras. De tão dependentes, vivem na condição de suspensas.

Amarradas a redes de malha apertada... nunca chegarão a conhecer as maravilhas do fundo do mar.

Só as raias-meninas felizes, que flutuam ondulando as asas e a cauda, que rastejam e que se escondem debaixo da areia, brincam como crianças livres... Do fundo do mar, vêem à superfície peixes-triste, peixes-vazio, peixes-lágrima, peixes-pedaço, peixes-desencanto, peixes-abandonado, peixes-não amados, peixes-rejeitados...vidas sempre suspensas, que nunca chegam a ser livres.

Apenas os peixes-liberdade brincam e deslizam nas águas por todo o Oceano, ora nas profundezas, ora a roçar a superfície... livres, nadam e mergulham...

domingo, 4 de julho de 2010

João...na corte de D. João V.



Faz tempo que não se via tanta alegria na Tapada de Mafra.  Desde cedo que o reino animal e vegetal permaneciam em alvoroço...

...de tal forma, que é possível ouvir daqui o burburinho.

...desde 1747 que não se ouvia tamanho entusiasmo na Coutada Real. Os veados, os gamos, os javalis, os ginetos, os saca-rabos, as raposas, as várias espécies de aves de rapina bem como, todas as espécies de origem vegetal, plátanos, sobreiros, pirliteiros, carvalhos, choupos, pinheiros e eucaliptos ...aguardavam com entusiasmo a chegada de João, o pequeno/grande Guerreiro.

- João era um menino doce na intimidade e um guerreiro na Vida. 
Talvez por ser do conhecimento do povo (a segunda oração da frase anterior),...que todos os animais e vegetais permaneciam desde cedo irrequietos, por ali.

Ao longo dos poucos anos que tinha de vida,  os animais tinham ouvido contar histórias sobre os feitos, as batalhas e as conquistas de João Guerreiro. Havia também quem o tratasse por Zulu, mas esses eram poucos, senão apenas, os que com ele partilharam em tempos, momentos de uma tribo por onde andou, lá no outro continente. Por muitos lugares tinha deixado marcas e saudades sobretudo.

Dizia, ainda o povo, conhecedor do seu  curto percurso, que tinha grandes amigos, alguns humanos outros naturezas mortas, de muitas folhas e letras onde se contavam histórias, umas de encantar e outras nem por isso.

- Ribombavam os tambores, quando a carruagem chegou. As crinas dos cavalos, puros lusitanos cobridores, luzidiam aos primeiros raios de sol... não porque fosse cedo, mas porque o nevoeiro encobria o astro-rei de há uns dias, até então. Todos os animais já tinham comido pelo menos duas vezes, quando o pequeno/grande João Guerreiro colocou o primeiro pé, no primeiro e único degrau da carruagem.

O casal de  lobos residentes recentes da tapada, tinham sido incumbidos de uivar ao primeiro sinal da sua chegada, que era dado pelo inigualável voo da águia-de-bonelli até então de vigia.

Foi o que aconteceu. Comecei a ouvi-los...uivo atrás de uivo, no marco mais alto da Tapada...uivavam tão alto e tão imponentemente, que quase me senti tentada  a ir ver a sua chegada, mas era impossível, alguém me tinha marcado na agenda outros planos para o dia de hoje, ir mais para Sul.

Nesse momento, por aqui tudo parou, os carros congelaram, as pessoas cristalizaram, e os relógios marcavam a hora da sua chegada. O tempo tinha parado e a Vila estava inerte.

João, saiu finalmente de corpo inteiro e todos em uníssono permaneciam  em silêncio absoluto. A curiosidade era tanta, que queriam gravar todos os seus passos e os seus gestos.

O silêncio foi rompido por uma voz que anunciava a sua chegada ao patrono,  D. João V, rei de Portugal e aos seus convidados reais.  Filho de D.Pedro II e de Maria Sofia de Neubourg, foi aclamado rei em 1707. Com os cognomes de "O Magnânimo ou o Rei-Sol Português", recordado entre dentes, como o "Freirático", devido à sua  conhecida preferência sexual por freiras, revestiu todo o seu reinado de luxo em consequência da descoberta das minas de ouro do Brasil e igualmente fascinado por Luís IV, rei da França e o  inventor do luxo, apreciador de diamantes, champanhe (vinho dos reis), sapatos de salto alto, gastronomia rica, as perucas, os predecessores de boutiques, griffes e salões de cabeleireiros e perfumes, assim como dos primeiros criadores de alta costura.

Como propulsor, o reinado de D. João V, foi caracterizado, por aspectos de muito interesse: o barroco na arquitectura, mobiliário, talha, azulejo e ourivesaria;  na filosofia surge Luís António Verney com o Verdadeiro Método de Estudar e, no campo literário António José da Silva. É fundada a Real Academia Portuguesa de História e a ópera italiana é introduzida em Portugal.

Estadista exemplar, admirador das teorias absolutistas, beato e eternizado pelo esplendor da corte, da vida social e cultural e das fortunas gastas para engrandecer a coroa, mas também para satisfazer caprichos pessoais, obcecado por freiras e viciado em afrodisíacos.


João, por sua vez, com os pés assentes na terra, desfez então uma vénia pela cintura saudando os presentes...
...conquistou tudo e todos imediatamente com aquele simples gesto. Consigo, trazia um amigo, para lhe contar uma história, caso a cerimónia se tornasse enfadonha nalgum momento.

De cabeça erguida e corpo hirto, passou os olhos pelos presentes, às senhoras distribuiu sorrisos com os olhos e meias vénias só com a cabeça e aos senhores apenas meias vénias sem sorrisos. João, tinha aprendido há muito, como saudar uns e outros. Tudo eram conquistas.


Pelo meio de vestidos amplos, volumosos e pregueados, corpetes folgados, panniers e as farthingales na armação das saias, penteados exuberantes, altíssimos, com enchimentos e elementos decorativos, perucas, leques, maquilhagem empoada, chapéus enormes e com muitas plumas, indumentárias femininas e  casacos justaucorps, ajustados na cintura, coletes bordados, calções extremamente justos, lenços originados das golas da chemise, muito volumosos no pescoço, passeavam-se homens e mulheres na cópia perfeita da corte francesa de Versalhes.


Da ementa, faziam parte várias iguarias, como tigelas de caldo de galinha com uma gema de ovo e sopas de vaca, perdigões assados, guarnecidos com linguiça, coelho, peitos de vitela de conserva, pastelões de várias carnes, pastéis fritos de carneiro com açucar e canela, ôlha castelhana especialidade de carnes várias com grãos, nabos e açafrão, doces fritos e fruta do campo.

Durante a cerimónia e mesmo não conhecendo ninguém, misturou-se subtil, humilde e habilmente com toda a gente, como era seu hábito.  Esta era uma das suas características mais marcantes, vivia no meio do povo e da nobreza e da burguesia, com quem trocava gargalhadas, opiniões, histórias de todos os tempos e mundos por onde tinha passado...pediam- lhe para contar bravuras, mas ele fugia de o fazer.

Enquanto isto, na Vila mais próxima onde eu vivia e após o turbilhão que abalou o tempo e o congelou, pude correr à vontade, gritar, esbracejar, dançar no meio da estrada, deitar-me no alcatrão, assobiar alto, dizer palavrões, despir-me na praia por inteiro, tomar banho sem salpicos de ninguém, ficar em pé em cima das mesas de um café, eu sei lá...
...fazer até, o que não se deve em lugares públicos porque é feio, dizem...Tudo continuava ainda imóvel. A minha festa continuava entre jograis e mercadores, reis e rainhas, nobreza e povo cristalizados, em que eu era a única em movimento.

...Pelo meio da alegria estonteante que tomava conta de todos, ao fim de longas horas de repasto, música e muito vinho, de penteados agora desfeitos e de roupas  desalinhadas...João, abandonara a festa...sem que ninguém desse por isso...precisava entrelaçar o coração e a alma por entre as histórias contadas pelos amigos que tinha sempre consigo, ....procurara um lugar ermo entre bichos e plantas, admirava agora a paisagem e o silêncio. 

A natureza tomava conta dele, espreitava-o curiosa e em silêncio...apenas a águia-de-bonelli sabia o seu paradeiro. Acabara adormecendo com a cabeça amparada pela barriga de um gamo fémea ao som das folhas dos carvalhos e dos choupos que embaladas pela brisa faziam música.

E, eu entretanto, na minha vila adormecida,  depois de fazer tudo o que antes me tinha sido interdito   aproveitei  o silêncio que ali também reinava, para escrever, escrever e escrever até adormecer sobre os sonhos...

Amanhã, vai ser outro dia, resta saber se alguém pretende acordar...


sexta-feira, 2 de julho de 2010

...Se a minha segunda pele falasse...





Se a minha segunda pele falasse...

...iria, revoltar-se com a primeira, por esta não dizer tudo...
...iria, queixar-se do que tenho deixado que façam todos os dias, interruptamente, à primeira,
...iria gritar comigo e acordar-me, adormecida que fui pelo tempo passado, para voltar a sentir como quando era criança...
...iria invocar a primeira e dizer-lhe que muito embora a adolescência já distante, o fulgor das emoções permanece e os afectos nos vinculam
...iria avisar toda a gente, que se deve saudar a maturidade e a serenidade característica de uma idade que ainda só vejo ao longe...
...iria chorar comigo as ausências que sinto, dos que me eram queridos e já partiram para outro lugar

...e diria, que não se deve deixar magoar, nem gretar ou ressequir pela inconsciência presente.



Se a minha segunda pele falasse...

iria gritar aos que alguma vez me tentaram amarrar, (sem amarras)..., e aos que quase conseguiram, que sou um espírito livre com asas e abençoada pelos deuses bons...logo, que é impossível, mesmo que tentem.

...iria aconselhar os que nunca ancoraram, que o porto de abrigo que sou eu... é um porto seguro...
...iria como eu abraçar a vida nos momentos de prazer e acolher os risos dos outros que oiço ao longe...

... e diria à primeira, ...  que quem ama, liberta...o que  nos faz retornar  ao ponto de partida e ainda com mais vontade de estar...afinal, o amor nunca sobreviveu em cativeiro.


Se a minha segunda pele falasse...

...iria dizer ao ouvido da primeira, que a tolerância e o altruísmo existem como afectos necessários à convivência entre os Homens...


...se a minha segunda pele falasse com a primeira, eu escusava de existir...