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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

continuação comment

Por ser centenária era feita exclusivamente de sabedoria e dotada de um herança que jamais alguém lhe poderia roubar. Por ser centenária a experiência tinha-a feito passar por infindas tentativas infrutuosas de suicídio, a propósito disto e daquilo. A malha do cachecol deu uma ajuda e putrificada que estava pelos anos passados envoltos naquele pescoço, fustigado a cada inverno pelo frio e pelo vento, não escorou o peso do malogrado, deixando-o escorregar devagar até ficar deitado no chão ao lado dela. Ela olhava-o, ele jaz prostrado de olhos fechados entre as últimas folhas de Outono que tinham despido por completo as árvores menores. Ela olhava-o, ele começava agora a respirar devagar e a recuperar o fôlego, julgava-se morto, num outro mundo. Questionava-se se teria ido parar ao céu ou ao inferno.

A centenária olhava-o com ternura e aguardava qualquer palavra vinda das entranhas de um cadáver que nunca chegara a sê-lo.

Por fim, ele disse:
- Onde estou? Porque é que trouxe comigo a árvore?
- Estás ainda aqui na terra, nunca te foste embora. Respondeu ela. A lã do teu cachecol apodrecera com os anos e por isso não cumpriu a tua ordem.
- Mas!..
- Ainda bem malogrado homem, alguém te deu uma nova oportunidade, para encontrares um fim mais feliz para a tua errante vida. Repara, tu não és unicamente seu paciente, és também seu professor, alguém que a caloira arquivará para o resto da vida como a prática mais enriquecedora que teve profissionalmente. Uma incessante partilha de experiências e ensinamentos, a vida também é feita destas realidades. Orgulha-te homem, da importância que tens. Imaginas quantos são aqueles que gostariam de ter como público apenas uma única pessoa, uma única vez na vida e nunca o conseguiram, porque não têm o dom da palavra.


3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. …Deste-lhe um final feliz. Mas o sentido da minha história, é mesmo aquele…e recordo que ainda há bem pouco tempo alguém da minha relação se enforcou, e não houve final feliz que lhe valesse.

    …e continuação de boas festas!

    P.S.removi a mensagem em cima,porque saiu sem texto...coisas do PC ;-)

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  3. …Sem querer menosprezar, e direccionar noutro sentido o que quer que seja da história do Vítor, penso que o final que dás à mesma é mais de acordo com a realidade da vida…o partilhar de emoções, e ensinamentos com a caloira, enriquecendo-se mutuamente, certamente levaria a personagem da história para outros caminhos, que não o de acabar tragicamente com a vida…a ver vamos é se ele não te processa por lhe tentares alterar o sentido da mesma!

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alfa diz: