(amiga, este é para ti, ... sabes porquê; :-)) acrescentei alguma ficção aqui, de pormenores que desconhecia, mas creio que o essencial está...)
A última vez que Meg ouviu a voz dele, havia muito tempo...
...mas, ela ainda se lembra... daquele último telefonema, quando a intensidade ainda pairava no ar...
Ele tinha ligado para ela duas ou três vezes antes, mas Meg, havia resolvido repousar naquela tarde e sonhar apenas com o que poderia estar para acontecer, com o que lhe reservava o futuro...
O telemóvel... tinha-o colocado no silêncio, não suspeitando que pudesse haver qualquer razão urgente, para falar com ela. Tinham trocado graças, e conversas sérias durante praticamente toda a manhã, por isso nada o fazia prever. Meg, desconhecia completamente a vida daquele homem. Não podia sequer imaginar, o que se passava com ele, ou o que sentia naquele dia em particular. Parecera-lhe bem, de manhã. Era um dia soalheiro de Inverno.
Quando acordou e viu as várias chamadas perdidas no telemóvel. Saltou da cama, num repente. Vestiu-se à pressa e saiu. Havia já mandado uma mensagem de resposta a dizer:
- Já te ligo.
Desceu a rua. Confusa, baralhada, preocupada e com um ténue sentimento de culpa que não sabia perceber qual a origem. Aventurou-se o mais rápido que pode rua abaixo, procurando o lugar mais sossegado ao cimo daquela terra, onde pudesse ouvi-lo e fazer-se ouvir com a tranquilidade necessária e por tempo indeterminado. A passos largos, culpabilizava-se por não ter ouvido o sonido do telemóvel quando ele tinha ligado a primeira vez, a segunda, e a terceira vez, ao mesmo tempo que desejava ouvir do outro lado, quando ligasse de volta, o que inúmeras vezes desejou ouvir. Qualquer coisa, que a fizesse acreditar que o que havia acontecido pouco tempo antes, de forma efémera, pretendia alguma consistência num novo plano.
Ofegante, escolheu o lugar. Sentou-se no chão, encostada a uma parede resguardada, onde apenas o sol sabia o seu paradeiro, respirou fundo várias vezes até restabelecer a respiração e, pronta a pedir desculpa, por não ter estado disponível no momento em que ele havia ligado para ela, cheia de vontade de ouvir a sua voz, teclou o número.
- Alô?!!!!!!Repetiu o seu nome, soletrando cada vogal e consoante, como gosta de fazer...
- Ligas-te-me?!!!!! Vi três chamadas tuas no meu telemóvel...desculpa, estava a dormir a sesta e tinha-o colocado no silêncio...passa-se alguma coisa?
Do outro lado, alguém, sem a deixar acabar, respondia em tom irónico...- Euuuuuuu? Nãoooo, não te liguei vez nenhuma....!!!!
Meg, ficara inicialmente confusa com a resposta. Julgou que brincava. Insistiu no entanto na mesma pergunta, mantendo um leve sorriso nos lábios visto por ninguém, nem por ele. Ouvia a sua voz finalmente, de novo, estava cheia de saudades e estava feliz. Não havia muito o hábito, entre os dois, de falarem ao telefone. Do outro lado, insistiam na mesma resposta, sem acrescentar nada mais.
- Eu?!!!! Não.
Respondia ele, agora, de forma peremptória. Fazia-se silêncio. Enquanto isso, Meg, desmoronava aos poucos a cada palavra vinda do lado de lá. Pareciam-lhe carregadas de abandono, de tristeza, de responsabilização, de despeito, de raiva, de solidão, de ironia e desilusão à mistura. Ele, estava claramente, desiludido e magoado com ela. Era notório.
Culpava-se e entristecia. Estava desfeita por ter deixado passar o momento, aquele momento, o momento certo, em que sentiu que deveria ter estado presente e não esteve. A sua consciência maltratava-a ao mesmo tempo que tentava ouvir o discurso difuso. Em simultâneo tentava concentrar-se, para não perder nenhuma palavra, nenhum bocejo, nenhuma respiração vinda do outro lado da linha e pensava de que modo poderia reverter a situação. Mas, era já tarde.
Resumia agora, tudo no desejo profundo, de dar uma nova ordem às coisas, àquele momento insólito, uma nova ordem às palavras proferidas por um e por outro, uma nova ordem aos sentimentos que atropelavam os dois, uma nova ordem, que levasse aquela conversa para um lugar onde a harmonia tomasse conta de um e de outro, deitando palavras fora, horas a fio, para no fim desligarem e deixa-los com uma sensação boa. Tinha uma vontade enorme que o tempo parasse ali, naquele instante, que fosse dotada de capacidades sobre-humanas ou, que, por artes mágicas fosse parar à sua frente, olhos nos olhos, dar-lhe um beijo para o sossegar, abraça-lo, perceber o que se passava, porque razão lhe ligara.
Questionado de novo por ela, com o carinho possível entre os dois, pela diminuta intimidade, acabou a ouvi-lo dizer, que: - Não lhe queria nada, que já nem sequer recordava porque razão lhe tinha ligado.
O tom de voz, tinha perdido metade de tudo o que tinha no início para dar lugar a pura desilusão, ao mesmo tempo, que lhe dizia também sem o dizer: Não posso contar contigo, não estás presente quando preciso de ti....e, dizia mais, não te conheço de sítio nenhum, brincas comigo e com o que sinto, que pena, começava a confiar em ti... E, voltou a dar mesma resposta, várias vezes.
O tom de voz, tinha perdido metade de tudo o que tinha no início para dar lugar a pura desilusão, ao mesmo tempo, que lhe dizia também sem o dizer: Não posso contar contigo, não estás presente quando preciso de ti....e, dizia mais, não te conheço de sítio nenhum, brincas comigo e com o que sinto, que pena, começava a confiar em ti... E, voltou a dar mesma resposta, várias vezes.
Meg, profundamente triste, ouvia isto tudo e desiludida, mais consigo que com ele, não aguentou aquele diálogo que prontamente, caminhava para um monólogo e atalhou a conversa de forma a não sofrer mais. Interrompeu o seu discurso curto e repetitivo para lhe dizer:
- Ok ----- , não te recordas!!! Era perceptível a tristeza nas suas palavras, que ele não conseguia ouvir.
- Então, se entretanto te recordares, liga-me ok, -------?!!!Sentia-se vencida. Entendia aquela batalha como, completamente perdida, e não se perdoava o facto de não ter tido a inteligência emocional suficiente, para alterar o rumo daquela história que nem tinha começado.
Hoje, continua a perguntar a si própria, o que seria que lhe queria dizer, aquele homem, naquele instante...que não voltou a ligar para ela, nem ela ligou de novo...
Desencontros? Oportunidades perdidas?
ResponderEliminarTalvez. Mas que deixam um frio tão frio, deixam!
Beijo
O orgulho falou mais alto, só restando a mágoa e a amargura.
ResponderEliminarGostei muito de seu blog,
bjs.
Léah