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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Meg, o tempo não espera por ninguém...(Capítulo Miguel=Liguem)




(amiga, este é para ti, ... sabes porquê; :-))  acrescentei alguma ficção aqui, de pormenores que desconhecia, mas creio que o essencial está...)

 A última vez que Meg ouviu a voz dele, havia muito tempo...

...mas, ela ainda se lembra... daquele último telefonema, quando a intensidade ainda pairava no ar...

Ele tinha ligado para ela duas ou três vezes antes, mas Meg, havia resolvido repousar naquela tarde e sonhar apenas com o que poderia estar para acontecer, com o que lhe reservava o futuro...
 O telemóvel... tinha-o colocado no silêncio, não suspeitando que pudesse haver qualquer razão urgente, para falar com ela. Tinham trocado graças, e conversas sérias durante praticamente toda a manhã, por isso nada o fazia prever. Meg, desconhecia completamente a vida daquele homem. Não podia sequer imaginar, o que se passava com ele, ou o que sentia naquele dia em particular. Parecera-lhe bem, de manhã. Era um dia soalheiro de Inverno.

Quando acordou e viu as várias chamadas perdidas no telemóvel. Saltou da cama, num repente. Vestiu-se à pressa e saiu. Havia já mandado uma mensagem de resposta a dizer:
 - Já te ligo.
Desceu a rua. Confusa, baralhada,  preocupada e com um ténue sentimento de culpa que não sabia perceber qual a origem. Aventurou-se o mais rápido que pode rua abaixo, procurando o lugar mais sossegado ao cimo daquela terra, onde pudesse ouvi-lo e fazer-se ouvir com a tranquilidade necessária e por tempo indeterminado. A passos largos, culpabilizava-se por não ter ouvido o sonido do telemóvel quando ele tinha ligado a primeira vez,  a segunda, e a terceira vez, ao mesmo tempo que desejava ouvir do outro lado, quando ligasse de volta, o que inúmeras vezes desejou ouvir. Qualquer coisa, que a fizesse acreditar que o que havia acontecido pouco tempo antes, de forma efémera, pretendia alguma consistência num novo plano.

Ofegante, escolheu o lugar. Sentou-se no chão, encostada a uma parede resguardada, onde apenas o sol sabia o seu paradeiro, respirou fundo várias vezes até restabelecer a respiração e, pronta a pedir desculpa, por não ter estado disponível no momento em que ele havia ligado para ela, cheia de vontade de ouvir a sua voz, teclou o número.

- Alô?!!!!!!Repetiu o seu nome, soletrando cada vogal e consoante, como gosta de fazer...
- Ligas-te-me?!!!!! Vi três chamadas tuas no meu telemóvel...desculpa, estava a dormir a sesta e tinha-o colocado no silêncio...passa-se alguma coisa?

Do outro lado, alguém, sem a deixar acabar, respondia em tom irónico...- Euuuuuuu? Nãoooo, não te liguei vez nenhuma....!!!!

Meg, ficara inicialmente confusa com a resposta. Julgou que brincava. Insistiu no entanto na mesma pergunta, mantendo um leve sorriso nos lábios visto por ninguém, nem por ele. Ouvia a sua voz finalmente, de novo, estava cheia de saudades e estava feliz.  Não havia muito o hábito, entre os dois, de falarem ao telefone. Do outro lado, insistiam na mesma resposta, sem acrescentar nada mais.
 - Eu?!!!! Não. 
 Respondia ele, agora, de forma peremptória. Fazia-se silêncio. Enquanto isso, Meg, desmoronava aos poucos a cada palavra vinda do lado de lá.  Pareciam-lhe carregadas de abandono, de tristeza, de responsabilização, de despeito, de raiva, de solidão, de ironia e desilusão à mistura. Ele, estava claramente, desiludido e magoado com ela. Era notório.

Culpava-se e entristecia.  Estava desfeita por ter deixado passar o momento, aquele momento, o momento certo, em que sentiu que deveria ter estado presente e não esteve.  A sua consciência maltratava-a ao mesmo tempo que tentava ouvir o discurso difuso. Em simultâneo tentava concentrar-se, para não perder nenhuma palavra, nenhum bocejo, nenhuma respiração vinda do outro lado da linha e pensava de que modo poderia reverter a situação. Mas, era já tarde. 

Resumia agora, tudo no desejo profundo, de dar uma nova ordem às coisas, àquele momento insólito, uma nova ordem às palavras proferidas por um e por outro, uma nova ordem aos sentimentos que atropelavam os dois,  uma nova ordem, que levasse aquela conversa para  um lugar onde a harmonia tomasse conta de um e de outro, deitando palavras fora, horas a fio, para no fim desligarem e deixa-los com uma sensação boa. Tinha uma vontade enorme que o tempo parasse ali, naquele instante, que fosse dotada de capacidades sobre-humanas ou, que, por artes mágicas fosse parar à sua frente, olhos nos olhos, dar-lhe um beijo para o sossegar, abraça-lo, perceber o que se passava, porque razão lhe ligara.

Questionado de novo por ela, com o carinho possível entre os dois, pela diminuta intimidade, acabou a ouvi-lo dizer,  que: - Não lhe queria nada, que já nem sequer recordava porque razão lhe tinha ligado.

O tom de voz,  tinha perdido metade de tudo o que tinha no início para dar  lugar a pura desilusão, ao mesmo tempo,  que lhe dizia também sem o dizer: Não posso contar contigo, não estás presente quando preciso de ti....e, dizia mais, não te conheço de sítio nenhum, brincas comigo e com o que sinto, que pena, começava a confiar em ti... E, voltou a dar mesma resposta, várias vezes. 

Meg, profundamente triste, ouvia isto tudo  e desiludida, mais consigo que com ele, não aguentou aquele diálogo que prontamente, caminhava para um monólogo e atalhou a conversa de forma a não sofrer mais. Interrompeu o seu discurso curto e repetitivo para lhe dizer:
 - Ok  ----- ,  não te recordas!!! Era perceptível a tristeza nas suas palavras, que ele não conseguia ouvir.
- Então, se entretanto te recordares, liga-me ok,  -------?!!!Sentia-se vencida. Entendia aquela batalha como, completamente perdida, e não se perdoava o facto de não ter tido a inteligência emocional suficiente, para alterar o rumo daquela história que nem tinha começado.

Levantou-se cerca de meia hora depois, quando racionalizou tudo e tentou arrumar aquele momento no sítio que lhe pareceu mais adequado, para que não doesse tanto, como faz habitualmente. Aquele chão onde antes se sentara sem notar que era de pedra, notava-o agora, frio. O frio vinha de dentro dela e espalhava-se. O sol desaparecia também e levava-a de volta a casa...

Hoje, continua a perguntar a si própria, o que seria que lhe queria dizer, aquele homem, naquele instante...que não voltou a ligar para ela, nem ela ligou de novo...


2 comentários:

  1. Desencontros? Oportunidades perdidas?

    Talvez. Mas que deixam um frio tão frio, deixam!

    Beijo

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  2. O orgulho falou mais alto, só restando a mágoa e a amargura.
    Gostei muito de seu blog,
    bjs.
    Léah

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alfa diz: