Ninguém sabe como ele se sente, nem ele. Divide-se, entre o que está muito perto de ficar para trás e o que tem à sua frente. Não é urgente, mas... Há algo que o empurra e algo que não o larga e que não o deixa avançar, não sabe o que é, não sabe interpretar. Procura no fundo de si, o mais valioso que tem, mas não consegue encontrar, está vazio por dentro. Apenas, por fora, se sente cheio, cheio de coisas que o esperam e que estão cheias de vontade de ir ao seu encontro. Encontram-se pontualmente com ele, e ele gosta.
Refere-se à liberdade, ao viver em plenitude, de encher as mãos de tudo, de sorrir sem satisfação e com ela, de trocar falácias, de esgrimir opiniões, de deitar palavras fora, de escolher as cores que quer, de comer chocolate deitado de costas no chão, de dar presentes com amor, de ir sem saber quando voltar, de não se preocupar, de chapinhar nas poças de chuva, de andar descalço pela rua, de ver as estrelas à noite e acenar-lhes um adeus, de sentir o vento no rosto em dias que não se vê, de voar sem sobressaltos, de deitar a cabeça no ombro de um qualquer vadio que se sente no mesmo banco de jardim, de assobiar, de contrastar, de imaginar com um sorriso coisas boas, de um beijo de perdão, de dar a mão, de fugir à frente da vida e não andar atrás dela, de subir às árvores, de mastigar nuvens como se fosse algodão doce, de virar uma esquina e ser surpreendido por alguém, de viajar para outros universos onde o infinito é o fim, de prevaricar, de ter prazer no que faz, de no cimo da montanha gritar e ouvir o eco da sua voz propagado, de vibrar com o que lhe acontece e com o que acontece aos outros, de amar, de sonhar e, de viver e, de Ler...Este, era o seu maior sonho, Ler.
Eu, de vez em quando, por aqui,... nunca tinha ouvido um discurso tão honesto. Pasmei, porque que vinha de um livro, que não queria mais sê-lo. Renegava a sua origem, pertencer ao mundo dos livros,...tudo isto, desde que percebeu a riqueza e a diversidade do mundo dos homens.
Fabuloso texto, parabéns!
ResponderEliminarBeijinho,
Ana Martins
Cheguei agora ao mais belo mar do mundo e tenho que digerir primeiro a sua escrita.
ResponderEliminarPosso dizer já que me atrai penetrar nas imagens que cria (que pinta), e que não é fácil desmembrá-las para encontrar gente lá dentro. Aliás, como a gente que encontramos e que nos apela à viagem pelo desconhecido que a habita.
Beijo
José Brás (no Face) jasbras1@sapo.pt
teste
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