Juan Diaz chegava ao final de mais uma tarde e aterrava no sofá da sala. Fazia isto com tanta frequência, que às vezes já não sabia onde estava. Sabia apenas, que já não estava no ar, onde normalmente andava a sua cabeça… e sabia tudo isso, porque uma vez por outra, ainda sentia os pés no chão… Passo seguinte, …carregava no On, e a aparelhagem habituada ao CD que tinha há muito por companhia começava a tocar, Ryuichi Sakamoto. Ao som de Energy Flow, fechava os olhos... deixava-se ir... seguia-se Forbidden Colours... and then... Rain… era esta, a sequência que gostava.
Em Fort Lauderdale, na Florida onde tinha nascido, era onde se sentia bem. Era o seu abrigo… onde se sentia quente quando o verdadeiro calor humano lhe faltava. Amava poucos, cabiam numa só mão. Tinha um sorriso convidativo,… por isso nunca lhe faltava companhia…
Não parava, corria a toda a hora, mantinha a inquietude dos mais novos. Ainda jovem, experimentou partilhar a sua vida com uma mulher, Alice Blue …mas não correu bem. Depois alimentou a esperança com Green, …mais tarde, com Yelow… e, foi com os anos duplicando as cores do arco-íris e desacreditando. Ao fim de alguns anos, percebeu que este só existia no céu, sempre que havia uma específica conjugação de factores… e transpôlo para a realidade da terra... era uma utopia.
Desiludido, sonhava ao de leve com a possibilidade de se voltar apaixonar, mas… essencialmente, tinha perdido a esperança de algo que perdurasse e entregava-se tão só e apenas, à satisfação do desejo pontual que ainda lhe corria nas veias… ora aqui… ora ali… ora acolá… ora,ora,ora...aqui, ali e acolá.
Inteligente e empreendedor, gostava de se sentir ocupado. Tinha mil e uma actividades…para além de amar os seus mais amados, ler e escrever também faziam parte das suas preferências. Gostava do que fazia e aproveitava por todas essas formas... a forma de preencher o espaço deixado, por tudo o resto em que já não acreditava mais. Gostava de seguir os seus instintos.
Ao final de cada dia, entrava no cyber espaço, desmultiplicava-se em contactos e mais contactos, mais livro menos livro, mais escrita menos escrita, lavava os dentes, vestia os boxer's e a t-shirt e aterrava de novo na cama, a sonhar com o que lhe dava mais prazer.
No outro vértice do triângulo em Porto-Rico, vivia Joaquín Arteaga, o mais velho. Tinha aprendido a atalhar a vida como podia e sabia.
Ar sério, responsável, atento ao quotidiano, soltava a felicidade quando entre amigos partilhava histórias simples e divertidas de lembranças de outros tempos. Tinha dedicado a maior parte do seu tempo a uma actividade que o levava a toda a hora para outras margens, outros portos.
Ar sério, responsável, atento ao quotidiano, soltava a felicidade quando entre amigos partilhava histórias simples e divertidas de lembranças de outros tempos. Tinha dedicado a maior parte do seu tempo a uma actividade que o levava a toda a hora para outras margens, outros portos.
Conheceu mundo, viveu mundo, amou mundo… em surdina… sempre da melhor forma que entendeu a vida…até aprender a lidar com ela. Também ele, depois de sofrer alguns dissabores amorosos e provocar outros…procurava ainda um colo quente, uma festa na cabeça, um beijo doce, que lhe transmitisse a tranquilidade do verdadeiro amor... que junto com a ternura, resulta na fórmula fantástica que todos um dia buscamos. Uns mais tarde... outros mais cedo.
Os seus cabelos já grisalhos recebiam o respeito de todos e sobretudo dos mais novos. Ouviam o que dizia, como um pai sábio.
Os seus cabelos já grisalhos recebiam o respeito de todos e sobretudo dos mais novos. Ouviam o que dizia, como um pai sábio.
Adorava, igualmente, ler e escrever e amar os seus entes mais queridos, também. Um dia, teve uma grande amiga chamada Maria, que foi levada pelo vento... e, que ainda hoje recorda com saudade. Aliás, continua à espera que um dia volte, num qualquer tornado para com ela matar saudades das longas conversas que tinham. Adorava conversar com ela.
E, na outra ponta ainda, vivia Tito Riviera, um rapaz nascido e criado nas Bermudas e que fazia sempre pela vida. Amigo do seu amigo, sempre alegre e bem-disposto. Amava a vida acima de tudo e também ele um dia descobrira o feitiço da escrita e da leitura. Era um vulcão de energia acumulada, que felizmente, consciente desse facto, aproveitava para transforma-la e distribuí-la comedidamente e com regularidade essa energia, para não explodir a sério, de quando em vez e causar estragos ou alguma catástrofe natural. De facto, não me recordo de ouvir qualquer relato de alguma explosão catastrófica, que tivesse por origem Tito.
Distribuía generosamente,... muita generosidade, sorrisos, compaixão e boa disposição. Adorava viver, apesar de todas as contrariedades que a vida já lhe tinha rasteirado.
Tinha sido em tempos, dono de uma gata chamada Laura, a quem se afeiçoou antes de constituir família, mas apesar de todo o amor que lhe tinha, ela fugiu-lhe para voar com um pássaro. Um pássaro qualquer…que uma vez ferido, lhe tocou o coração e a levou consigo. Ficou desiludido, no momento…Felizmente, que pouco depois lhe apareceu outra gata, com quem constituiu família, até hoje.
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Sem se conhecerem, estes três seres, geograficamente distantes, em cada momento da história, viveram e vivem momentos, desejos e prazeres em tudo semelhantes... Viveram a imensidão das suas vidas, das que tocaram e das, porque foram tocados... em plenitude ou não,… na sua simples existência.
… Cada um em seu canto, à semelhança da delimitação do mediático Triângulo das Bermudas, também este referenciado por relatos ao longo da história num determinado perímetro e que ficará reconhecido no mapa-mundo por ser palco de “desaparecimento de aviões, barcos e navios", …com tanto em comum!... e, com tantas diferenças!... também este, podia ser objecto de toda a espécie de explicações para os acontecimentos que desencadeou ao longo dos tempos, … igualmente, explicações extra-físicas e/ ou "sobre-naturais". A combinação de um intenso tráfego marítimo-terrestre, o clima instável, extra-terrestres, resíduos de cristais da Atlântida, vórtices da quarta dimensão, flatulências oceânicas resultantes de gás metano, campos magnéticos… faziam as bússolas perder o Norte magnético.
Foram muitas, as razões dadas para o desaparecimento misterioso de algumas das naus, dos barcos, das avionetas e dos aviões que entravam em tempestades e se perdiam sem deixar rasto...também eles muitas vezes, se perderam nelas.
Foram muitas, as razões dadas para o desaparecimento misterioso de algumas das naus, dos barcos, das avionetas e dos aviões que entravam em tempestades e se perdiam sem deixar rasto...também eles muitas vezes, se perderam nelas.
No entanto, as Sereias que conhecem bem todos os mares, contaram-me que, a explicação para todos aqueles fenómenos registados desde Colombo, no Triângulo das Bermudas ou no triângulo das boxer's, como gostam de lhe chamar a título de brincadeira, resultam do facto daquela região estar localizada sob o campo magnético da Terra.
E, o maior de todos os segredos sobre os triângulos…
É, que todos os triângulos têm três bissectrizes internas, sendo que o ponto de intersecção delas chama-se incentro... e, que no mundo das Sereias, que conhecemos bem os mares, todas brincamos desde crianças com triângulos de todas as formas, cores, texturas, dimensões, … e, o nosso passatempo preferido, é estudar a sua Trigonometria.
Este, podia ser um triângulo de Pascal, Sierpriski, Penrose, mas não é….é, tão simplesmente um Triângulo de Ouro. Intitula-se “Triângulo de Ouro, quando é um triângulo isósceles no qual a divisão de um dos lados iguais pela base é o número de ouro.” Sabiam que: As cinco pontas de um Pentagrama são triângulos de ouro?…
Poderíamos continuar por aí adiante a falar de triângulos, o tema é interminável…da geografia, astronomia, matemática, física… dos seus tipos, das suas condições de existência, das suas áreas e perímetros que ocupam; dos pontos, linhas e círculos associados,... que incluem a mediatriz, a altura, a bissectriz, a recta de Euler, o círculo dos nove pontos, a relação de desigualdades entre triângulos, o teorema de Pitágoras, dos senos, dos cosenos... enfim….haveria ainda, tanta coisa por dizer…e haverá ainda tanta coisa por descobrir… sobre os Triângulos.
Olá pincelada de Azul!
ResponderEliminarOlá Alice.
Gostei da tua maneira de expor um triângulo, onde se entrelaçam linhas e sentimentos, onde as histórias de cada um de nós se tocam.
No final fica a sensação quente de que seja qual for o triângulo, tudo se pode conjugar para que o que parecia serem histórias isoladas de seres aparentemente com nada em comum, teem no vertice do triangulo uma inicial ligação que, aparentemente perdida nunca na realidade o foi, porque se juntam num denominador comum!
A vontade de serem felizes!
Deixo-te com inté jazz e com a certeza que readquiri o meu vértice em ti!
…”Poderíamos continuar por aí adiante a falar de triângulos, o tema é interminável”…é mesmo! Mas eu acrescentaria que os vértices deste triangulo, desta história, têem um denominador comum:”Nunca por mares navegados, mas tantas vezes encruzilhados, em tantos voos planeados”…, Arteaga, Ruez, Diaz, qual nobres mosqueteiros, que fizeram, fazem, as delícias da corte…com diferentes formas de manejar o espadachim…mas sempre com o mesmo objectivo…ter honra, mérito, fazendo a coisa com principio, meio e, fim…!!!!
ResponderEliminarA ter-te como navegadora, certamente que o triângulo das bermudas manteria o mito que o alimenta, mas por outras razões. Serias a bússola para a bom porto os navios aportarem…com o teu “comandante”bem lá no alto do gavião, as graças te enviar!Assim tu lá acorras ,a deslizar nos sonhos de uma criança crescida,tão fértil na imaginação.
ResponderEliminarBons ventos te levem à descoberta de mais trilogias!
Beijo
M.D.S.
Que fantástica .. triangulação .. diria... como um filme de ficção feito coisa do passado!
ResponderEliminarPizolizo e Vitor, a versatilidade dos triângulos é exactamente essa, cada um ao ler encontra neles, uma qualquer semelhança com a nossa vida, entre amigos, entre amores, entre três vértices...denominadores comuns, não tem necessariamente que haver...ou antes existem sempre, se quisermos fazer analogias. bjs
ResponderEliminarVitor:)Vitor, deixa-me só lembrar que os 3 mosqueteiros não eram 3 mas 4 (Aramis/Porthus e Athos), mas... D'Artanghan era um jovem fidalgo aspirante a mosqueteiro, que tb acabou sendo.
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