...O dia tinha nascido convidativo a um passeio à beira mar, sem que eu estivesse com vontade de aceitar qualquer convite que fosse, que me quisessem dirigir. No entanto, algum tempo depois…
O meu estômago decretara aceitar o convite e tomar o pequeno almoço na esplanada, acedi.
Saí sem veleidade de passear, obrigando-me no entanto, a contrariar uma força ociosa que me empurrava para não fazer nada. O único objectivo estabelecido para o dia de hoje, era fazer a árvore de Natal, que há cerca de um ano esperava sair da caixa, para respirar e ver a luz do dia. Mas, confesso que a vontade não era grande, nem pequena, não existia simplesmente.
Começara a conceber o balanço mental, de final de ano. Talvez, por isso, o meu pensamento absorvido por estes encontros de contas, convenientes nesta época, a pessoas e a empresas, não deixasse espaço para lavores supérfluos e falazes de uma árvore presunçosa que sempre que saia à rua, planeava apenas brilhar.
Saí a porta. Abandonando, uma casa que queria vestir-se de Natal, só porque chegava o momento. Não me apetecia perpetuar esta quadra agora, talvez tendo presente o prolóquio que, - Natal é quando um homem quiser - e, que estou tentada a concordar. Na verdade, andava ocupada em enunciar objectivos para o ano seguinte…!!!
Desci a rua sozinha e ao fundo encontrei o café do costume. Sentei-me na esplanada e preparei-me para pedir o habitual, como se fosse a primeira vez. Fui de tal forma persuasiva na proporção das palavras, que consigo antever a expectativa que aleito na cara do empregado…para, de imediato, o desapontar, limitando-me a pregar o mesmo de sempre. Voltou costas na direcção do balcão, decepcionado comigo.
Afinal, quando me aborda, a cada fim-de-semana, noto que se me dirige com uns olhos de esperança, de que, é hoje, que o vou surpreender e vou pedir uma coisa distinta. É, como se pressentisse os seus pensamentos quando se avizinha. É denunciado pela atitude que manifesta, não tanto no que diz, mas no que acompanha as suas palavras.
- Bom dia…O que deseja? … verbaliza, numa confiança reavivada …
Atentando nos seus olhos, quase o consigo enganar. Respondo, fazendo algumas suspensões, que lhe apontam que hoje, vou pedir algo diferente para comer... Lastimando desapontá-lo, limito-me a pedir o mesmo de sempre, escondida nos óculos escuros.
- Meia torrada e uma meia de leite, por favor.
Não gosto de decepcionar ninguém, mas aquela fusão de pingalho e alimento é o que, deveras me sabe bem comer ali, naquele café, àquela hora, sempre antes de um passeio junto ao mar, ainda que por decidir o meu destino.
Acabei de tragar ao som de uma conversa de fundo, de alguém que, atrás de mim, falava mais alto do que os meus próprios pensamentos e dirigi-me ao balcão para pagar, depois de uma investida gorada de chamar o mesmo empregado decepcionado, para me fazer a conta.
O preço, era sempre igual, afinal era também sempre a mesma coisa que pedia para comer. Mas eu reincidia e encetava sempre, junto à caixa registadora, a mesma pergunta:
O preço, era sempre igual, afinal era também sempre a mesma coisa que pedia para comer. Mas eu reincidia e encetava sempre, junto à caixa registadora, a mesma pergunta:
– Quanto é?...perguntava, à empregada…
...agora, era eu que estava à espera, estupidamente, que um dia, ela me surpreendesse. Não havia sequer razão para tal pergunta. Talvez, procurasse testar a empregada, sem qualquer motivo e alcançar se iria falhar a resposta um dia.
Não me surpreendera.
Como se de um jogo se tratasse, a título de recompensa, passava-lhe o dinheiro certo para a mão. As duas moedas impacientes esperavam na minha, desde que me tinha levantado da mesa.
Saía sempre com a mesma impressão dali, de que era uma situação caricata, desde que chegava até que saía, porque se afinal eu e os empregados sabíamos aquele papel de cor, porque o representávamos inúmeras vezes no ano!!!… questionava para dentro de mim, que sentido fazia perdermos tempo em cumprir todo aquele protocolo de formalidades absurdas, que ainda por cima nos deixava uma sensação de idiotas!!!
Esqueci o assunto...
Hola Amiga Alpha!!!
ResponderEliminarHe abierto otro blog, con el fin
de opinar libremente sobre la vida misma.
Quisiera compartirlo contigo, que tienes un gusto exquisito por la poesía y por otras cuestiones.
Te dejo mi invitacion, deseando que sigamos con esa hermosa amistad a futuro.
Abrazos...
_Joquin Lourido_
http://vagalumeluciernaga.blogspot.com/
Olá
ResponderEliminarUm belo texto que é como um espelho, uma catarse de rotinas de vidas certinhas... Porque será que as pessoas que eu conheço, a quase ninguém apetece fazer a árvore de natal. Até as ruas da cidade reflectem este estado de espírito. Sinto-me como o empregado, esperando algo de novo que afinal não vem.
Haja esperança.