…e, sempre que a chuva cai sem piedade, como ontem, como hoje, elas querem fugir de casa, fugir de um texto qualquer, que não fazia sentido, onde não gostaram de estar e saltitar simplesmente. Soltas, livres.
Tal como eu, elas abraçam o barulho da chuva, num som repleto de outros timbres inaúditos e gostam de se rebolar por entre os pingos mais intensos, murmurar outras palavras pequeninas ao mesmo tempo, sentir o odor da terra acabada de molhar.
Entram num frenesim desconcertante, perdem a compostura, amarram palavras umas às outras e fazem um cordão delas, textos novos. Saltam à corda, jogam, cantam, dançam sem parar. Surgem enlouquecidas de todos e por todos os lados, esgueiram-se pelos intervalos mais estreitos entre uma e outra gota.
Instala-se a euforia desmedida e não contida de maneira nenhuma, não têm mãos a medir, querem molhar-se, querem falar sobre chuva, sobre alegria, sobre amor, sobre tudo o que as encanta. E, olhando para o céu que continua carregado, fogem para o meio da chuva, para um mar nunca antes navegado.
Derramadas, caiem exaustas ao som das últimas gotas…
Boa navegada nas chuvas oceanicas, que entenda as águas doces nas salgadas, beijos com carinho.
ResponderEliminarAo ler este texto pleno de emoções e sensibilidade ao som da chuva, deixei-me levar pelo sentido das palavras e entrei noutro espaço.
ResponderEliminaraplaudo de pé.
bj
As palavras são o tempo...
ResponderEliminarBj
Texto fluído como a chuva que cai!
ResponderEliminarBj*