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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Palavras molhadas...com alegria



…e, sempre que a chuva cai sem piedade, como ontem, como hoje, elas querem fugir de casa, fugir de um texto qualquer, que não fazia sentido, onde não gostaram de estar e saltitar simplesmente. Soltas, livres. 

Tal como eu, elas abraçam o barulho da chuva, num som repleto de outros timbres inaúditos e gostam de se rebolar por entre os pingos mais intensos, murmurar outras palavras pequeninas ao mesmo tempo, sentir o odor da terra acabada de molhar.

Entram num frenesim desconcertante, perdem a compostura, amarram palavras umas às outras e fazem um cordão delas, textos novos. Saltam à corda, jogam, cantam, dançam sem parar. Surgem enlouquecidas de todos e por todos os lados, esgueiram-se pelos intervalos mais estreitos entre uma e outra gota. 

Instala-se a euforia desmedida e não contida de maneira nenhuma, não têm mãos a medir, querem molhar-se, querem falar sobre chuva, sobre alegria, sobre amor, sobre tudo o que as encanta. E, olhando para o céu que continua carregado, fogem para o meio da chuva, para um mar nunca antes navegado.

Derramadas, caiem exaustas ao som das últimas gotas…

4 comentários:

  1. Boa navegada nas chuvas oceanicas, que entenda as águas doces nas salgadas, beijos com carinho.

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  2. Ao ler este texto pleno de emoções e sensibilidade ao som da chuva, deixei-me levar pelo sentido das palavras e entrei noutro espaço.

    aplaudo de pé.

    bj

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  3. Texto fluído como a chuva que cai!

    Bj*

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alfa diz: